sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Carta em agradecimento ao sr. Félix


Entrevista

ENTREVISTA CONCEDIDA POR DONA ZULEIKA, PRIMEIRA DIRETORA DA ESCOLA DE APARECIDA BELA (ENTREVISTA REALIZADA EM 27/07/2014).
1-      Qual é o seu nome completo e sua idade?
R= Zuleika Alves Maiorquim, tenho 71 anos.

2-      Em que ano você atuou na comunidade escolar de Aparecida Bela? E como era a escola nesse período?
R= Em 1974 eu fui diretora da Escola Municipal de São José dos Quatro Marcos e administrava todas as escolas isoladas que pertenciam a Quatro Marcos e que faziam parte do município de Cáceres. Nesse período pertenciam à Escola Municipal 42 escolas inclusive a de Aparecida Bela.

3-      Qual era seu cargo nesse período? E por quanto tempo? Em que ano encerrou seus trabalhos nessa unidade escolar?
R= Como mencionei anteriormente era Diretora e encerrei meus trabalhos em 1982 quando a escola passou a ser estadual.

4-      Conte-nos algum fato marcante que tenha ocorrido nesta escola.
R= Com certeza as formaturas da escola, eram bem organizadas, emocionantes e divertidas.

5-      Hoje, depois do seu afastamento, como visualiza esta instituição?
R= Ah, não sei, desde 1991 quando me aposentei não tive mais nenhum relacionamento com a instituição.

6= Que conselho você daria para os alunos que atualmente estudam nesta unidade escolar?
R= Que o aluno não espere só o que a escola pode oferecer, mas que ele aprofunde seus conhecimentos principalmente através dos livros, estudarem em livros, ir atrás do conhecimento através da leitura de livros.





ENTREVISTA CONCEDIDA POR ADELIDE SOLDERA PINHEIRO, FILHA DE ANTÔNIO SOLDERA, 91 ANOS E SANTA SERNOCONVICE 86 ANOS. AO SEREM PROCURADOS PARA REALIZAREM A ENTREVISTA NOS DIRECIONARAM PARA A CASA DE SUA FILHA, POIS ALEGARAM NÃO SE RECORDAREM DE TODOS OS FATOS OCORRIDOS, ASSIM COMO AS DATAS DE CADA ATO. APENAS MENCIONARAM QUE CHEGARAM NESTA LOCALIDADE EM 1967 BUSCANDO NOVAS OPORTUNIDADES. (ENTREVISTA REALIZADA EM 27/08/2014).

1- Qual o seu nome completo e sua idade?

R= Adelide Soldera Pinheiro, tenho 62 anos.

2- Em que ano foi doado o terreno onde construiu a escola? E qual foi o objetivo da doação? Por que doar o terreno para uma instituição governamental?

R= Ele foi doado em 1979, ao todo foram dois alqueires de terra, um para construção da escola e outro para construção da igreja. O objetivo dos meus pais ao doarem essas terras era formar uma comunidade, doamos o terreno para uma instituição estadual, porque se fôssemos esperar pelo governo, talvez nunca tivesse existido esta escola.

3- Alguém da família já estudou nesta escola?
R= O único filho que estudou nesta escola foi o Celso Soldera, porém há alguns parentes que estudaram aqui e hoje já estão todos formados em algumas profissões: professores, advogados etc.

4- Você se lembra da primeira escola?
R= Sim, era de tábua e extensão da escola Bertoldo Freire. Havia muitos alunos, não tinha muita estrutura, mas os alunos gostavam de estudar. Naquele tempo as pessoas eram mais unidas. Lembro-me que nos dias de sábado tinha baile até amanhecer, tinha escolha da rainha do baile, hoje esta nova escola é boa, mas precisa melhorar a estrutura desta escola atual, mas não tem nem comparação com a da escola antiga, hoje é muito melhor.

5-Que conselho você daria para os alunos que atualmente estudam nesta escola?
R= O conselho que daria seria que eles aproveitassem a oportunidade para estudar, porque quanto mais estudar é melhor, porque hoje em dia quase ninguém se preocupa com os estudos, o que é importante para as vidas das pessoas. Enfim, se preocupar com estudos, aproveitar as oportunidades e dar valor nos professores.







ENTREVISTA CONCEDIDA POR JAIR (CABELEREIRO) EM 25/09/2014.

1-Qual é o seu nome completo e sua idade?
R= Jair Caires Pinheiro, tenho 51 anos.
  2- Em que ano atuou na comunidade escolar de Aparecida Bela? E como era a escola nesse          período?
R= Era aluno e comecei a estudar em 1974, minha formatura de 8ª série foi em 1983. Recordo-me que a escola era de madeira e coberta de térmite, em 1976 houve uma grande tempestade arrancando a cobertura, aí juntaram todos os pais e cobriram-na novamente com folhas de babaçu e assim ficou por dois anos até ter dinheiro para cobrir com telhas francesas. Nos anos de 1980 a dona Zuleika implantou o ginásio e a 5º série ficou extensão da Bertoldo Freire.


3-Qual era seu cargo nesse período? E por quanto tempo? Em que ano encerrou seus trabalhos nesta unidade escolar?
R= Eu era aluno e líder da fanfarra que era composta por 21 membros com instrumentos de percussão e sopro, que foi implantada na escola de Aparecida Bela pelo professor (in memoriam) Aparecido Donizete Vono (popular Cafuringa). Éramos convidados para se apresentar nas festas cívicas de toda região. Após a formatura do  LOGOS ( 8° série) atuei por dez anos como professor nas escolas de Quatro Marcos, entre elas: Poção, Boca Rica, Bertoldo Freire, NP, Miguel Barbosa e Lourenço Peruchi).


4-Hoje, depois do seu afastamento, como visualiza esta instituição?
R= Olha, vejo que hoje é bem diferente em referência à estrutura e ao ensino, visualizo que hoje pesa a questão da indisciplina e o respeito dos alunos para com os adultos, admiro os colegas que ainda atuam nesta profissão, pois optei por outro caminho e não me arrependo disso.

5-Que conselho você daria para os alunos que atualmente estudam nesta escola?
R= Que não deixem de estudar, sem estudo não temos uma outra saída, nem chegamos a lugar nenhum.



ENTREVISTA CONCEDIDA POR FÁTIMA APARECIDA GOMES, ESPOSA DO SENHOR FÉLIX GONÇALVES (IN MEMORIAM) REALIZADA EM 11/10/2014.

1-Qual é o seu nome completo e sua idade?
R=Fátima Aparecida Gomes Pereira Fernandes, tenho 57 anos.

  2- Em que ano atuou na comunidade escolar de Aparecida Bela? E como era a escola nesse          período?
R= Atuei em 1979, convidada pela professora Aurora a lecionar na escola no período noturno, pois ele possuía o 2º ano do 3º grau. Recordo-me que a escola era de tábua composta por 3 salas e uma cozinha, o banheiro era uma casinha (privada), a iluminação era feita por lampião à gás e em cada sala existia um pote de água. Lembro-me que estava grávida de oito meses do Jefão (atual vereador de Quatro Marcos) e carregava um balde de água na cabeça e outro nos braços de um poço que ficava longe. Tinha que puxar a água, pois o poço era de sarilho para encher os potes das salas. Eu era merendeira da escola, a comida era feita no tacho na pequena cozinha em fogão à lenha. Tenho a lembrança de que a pequena cozinha improvisada era muito quente e eu tinha que mexer a merenda e correr para fora para tomar um vento, pois não aguentava o calor. As conchas e as escumadeiras eu trazia de casa, assim como várias outras coisas como: Bombril, detergente, tudo que faltava o Felix pegava em casa, as crianças traziam os pratos e talheres de casa, o refeitório era improvisado com mesa feita de tábuas embaixo de árvores no quintal da escola, o cardápio servido era sempre sopa de macarrão doado pela prefeitura, onde neste período o prefeito era o então senhor Antônio Alvarez (primeiro prefeito nomeado pelo governo).

3-Qual era o cargo do seu esposo nesse período? E por quanto tempo? Em que ano ele encerrou seus trabalhos nesta unidade escolar?
R= Ele era professor, depois passou a ser diretor nomeado pelo governo por dois anos, depois eleito por voto da comunidade e atuou por 13 anos. Nesse período as matrículas eram feitas por mim em casa. Ele encerrou seu trabalho em 2001 ou 2002, não me recordo ao certo, pois ele se encontrava muito doente e por consequência acabou se aposentando em 2005.

 4-Hoje, depois do seu afastamento, como visualiza esta instituição?
R= Me sinto esquecida e abandonada por tudo que fiz e passei pela escola nem eu nem meu esposo Felix (in memoriam) somos lembrados por nossos esforços. Tanto esforço, tanto sofrimento, tantos fardos carregados e nada, só existem em mim lembranças. Quando o Félix se afastou da escola por doença ele ficou muito triste depressivo, tudo isso contribuiu para que ele ficasse ainda mais doente e depois falecesse.

5-      Conte-nos algum fato marcante que tenha ocorrido nesta escola?
R= Não me recordo de nenhum fato nesse momento, só sei que a escola era tudo para o Félix, ele se doava por ela, vivia para ela, o coração dele estava na escola, quantas vezes ele buscava em casa tudo o que faltava, comprava às vezes o que faltava, mantimentos, materiais de limpeza e muito mais com o seu próprio salário para manter a escola em perfeito funcionamento, ele foi um herói sem reconhecimento, só eu sei tudo o que passamos para que hoje esta unidade escolar existisse.
5-Que conselho você daria para os alunos que atualmente estudam nesta escola?
R= Que não desanimem e procurem estudar muito para ter uma vida melhor, chamem os amigos para estudar também com vocês nesta escola, não saiam da escola para que ela não feche como foi em, não me recordo ao certo, 2006 ou 2007 quando ficou extensão da escola Miguel Barbosa, porque para mim e meu esposo seria como se nossos esforços tivessem sido em vão.





ENTREVISTA CONCEDIDA POR PAULINO DA SILVA EM 10/11/2014

1-Qual o seu nome completo e sua idade?
R= Paulino Luís da Silva, tenho 57 anos.
  2- Em que ano atuou na comunidade escolar de Aparecida Bela? E como era a escola nesse          período?
R= Atuei em 1982, nesse período a escola era alegre e tinha um número expressivo de alunos interessados em estudar. A escola era composta por 3 salas construídas de madeira, que comportavam em média de 35 a 40 alunos em cada sala, que continham 4 janelas grandes que propiciavam um ambiente mais arejado. Funcionava nos períodos: matutino, vespertino e noturno, onde era oferecido à comunidade o ensino fundamental (pré até 8° série) com aproximadamente 300 alunos. Nesse período não existia ônibus, os alunos vinham para a escola de cavalo ou em bicicletas, outros vinham a pé, somente em 1986 começou a ter ônibus, eram dois pra trazer os alunos. Na sala a lousa era de Duratex acoplada na parede de madeira e se escrevia de giz branco, a iluminação era feita por lampião a gás. A merendeira era a Dona Fátima esposa do já falecido senhor Felix, a merenda era servida apenas no período diurno para os alunos, à noite não havia merenda. Nesse período nós tínhamos atividades recreativas e esportivas, em cada dois anos contávamos com a participação de toda comunidade: São Miguel, Lagoa dos Patos, Lagoa São José, Marco Amarelo, Empaer e Abelha, realizando campeonatos, nossa quadra era de chão batido e iluminação provisória feita por lampião a gás, os campeonatos eram realizados aos sábados e domingos e contavam com a participação dos pais e de toda  comunidade.
3-Qual era seu cargo nesse período? E por quanto tempo? Em que ano encerrou seus trabalhos nesta unidade escolar?
R= Eu era professor de 1ª, 4ª, 5ª e 8ª séries que ministrava a disciplina de Português, Inglês e Ensino Religioso. De 1983 até 1988 foi auxiliar na coordenação da escola, encerei meus trabalhos nesta instituição em 1989 quando passei no concurso público e assumi na escola 15 de junho.

4- Conte-nos algum fato marcante que tenha ocorrido nesta escola?
R= Existiram dois momentos muito especiais: um foi quando chegou energia elétrica, foi uma festa com fogos e tudo, as pessoas ficaram inquietas se arquitetando para comprar padrões e ter energia também. Outro foram as formaturas de 8ª série que sempre eram uma festa, se via no rosto dos formandos a alegria por ter conseguido concluir seus estudos, ter vindo de tão longe estudar com muitas dificuldades, os familiares felizes e orgulhosos por seus entes, muitos choravam e se abraçavam contentes e valorizavam seus professores agradecendo por tudo.

5-Hoje, depois do seu afastamento, como visualiza esta instituição?
R= A escola nunca saiu da minha memória nem do meu lado profissional, tudo que eu fiz de bom lá continuou fazendo. Hoje eu estou me afastando do meu cargo, mas com a satisfação do dever cumprido.

6-Que conselho você daria para os alunos que atualmente estudam nesta escola?
R= Dizer a eles que o estudo é um patrimônio que a pessoa adquire com os anos e que ladrão nenhum rouba. E que tudo vale à pena e que nunca é tarde para recomeçar de novo.






















E. E. Maria Eduarda















A Escola Municipal de Quatro Marcos, teve inicio em seus trabalhos no ano de 1974, contando com uma estrutura de madeira, composta por três salas de aula, uma pequena cozinha e um banheiro. No ano de 1979 foi doado um terreno para a construção da atual escola e uma igreja, com o objetivo de formar uma comunidade.